ROSA MESTRA

Eu amaria o espinho mais que a rosa,
se num dia vergado ao peso das aulas de botânica,
não me tivesse a patética mestra no tailleur cinzento 
feito uma revelação destruidora de fascínios:
Não são espinhos, sentenciou, são acúleos.
Desgarram, assim, facilmente da casca!

Essa mania das ciências, quase um pernosticismo,
de dar nomes vários de encher livros.

Um dia eu arranquei, aos toques de alicate,
esses acúleos todos da roseira…

e restaram as rosas, sem os guardiões,
desprotegidas e dadas ao meu amor de menino mau.

Os acúleos iam-se, desnuda a rosa,
e era como se, no chão, em pedacinhos
eu visse o tailleur cinzento…
e a mestra nua me esperasse um beijo.

2 comentários sobre “ROSA MESTRA

  1. Quando diz que este é um dos melhores que terá no próximo livro, devo concordar plenamente, meu caro amigo Pires de Lima. Poesia banhada de refinado lirismo e erudição (quase um acalanto), digno de reverências, como poucas que já li. Parabéns meu caro amigo… um forte abraço!

    Curtir

Deixe um comentário